sábado, 4 de junho de 2016

A Igreja de São Cristóvão de Rio Mau (parte I)


          Uma carta de venda, datada de 953, respeitante a «Vila do Conde e seu Alfoz» [1]  demonstra que a cidade com o nome de vila tem uma origem antiquíssima cuja história e peso é aferível pelos numerosos e antigos monumentos, designadamente a Igreja Matriz, a Igreja da Misericórdia, o Mosteiro e a Igreja de Santa Clara, a Igreja de Azurara, as opulentas casas senhoriais, as Capelas de Nossa Senhora da Guia e da Nossa Senhora do Socorro, entre outros.
          No entanto, o monumento mais antigo de Vila do Conde encontra-se na, agora agregada [2], freguesia de RIO MAU que, originariamente, não pertencia a este concelho apesar da sua relevância estratégica e local, sobretudo em termos paroquiais e fiscais o que, aliás, motivou uma acesa disputa entre os concelhos de Barcelos, Póvoa de Varzim e Vila do Conde que apenas cessou no ano de 1853. Tal se deveu a uma povoação resistente e dinâmica da qual não se conhecem, em rigor, as origens, sabendo-se apenas que a Igreja de São Cristóvão de Rio Mau é a expressão, secular, de uma remota povoação cuja principal atividade económica esteve, durante séculos, ligada à agricultura. Não obstante, foi capaz de avassalar fontes de riqueza que ditaram a construção de uma Igreja que se integra em plena zona de expansão do românico do Alto Minho, constituindo, mesmo, «o melhor exemplo desse vocabulário regional em terras a Sul do rio Lima» [3] pelo que se depreende a importância e peso de uma «paróquia mui antiga registada no "Censual" do século XI com o título "DE SANCTO CHRISTOFORO DE RIBULO MALO». Com efeito, os registos paroquiais atestam e comprovam que «no século XI existia em Rio Mau o Mosteiro de São Cristóvão que o Censual relacionou como Igreja paroquial» [4] pelo que são vários os indícios de um povoado relevante, de forte devoção religiosa, que no século XIX viu «o Arcebispo Freitas Honorato (1884) elevar a sua Paróquia à dignidade de Abadia» [5].   
          


Igreja de São Cristóvão de Rio Mau
 (fachada principal) [6]

Igreja de São Cristóvão de Rio Mau
 (pormenor do portal) [7]


[1] QUEIROZ, Velloso – O Século: Número Comemorativo da Fundação e Restauração de Portugal. Lisboa, Sociedade Nacional de Tipografia, 1944.  
[2] Foi uma freguesia extinta (agregada) em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, para, em conjunto com Arcos, formar uma nova freguesia denominada União das Freguesias de Rio Mau e Arcos em consequência da Lei 11- A /2013 de 28 de Janeiro.
[3] REAL, Manuel Luís - O Românico português na perspectiva das relações internacionais. [Em linha] [Consult. 21 de Maio 2016] Disponível em www: < URL: http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70620/>
[4] PÁGINA OFICIAL DO ARCIPRESTADO[Em linha] [Consult. 04 Junho] Disponível em : www< URL : http://arciprestado.no.sapo.pt/Apresentacao.htm>
[5] PÁGINA OFICIAL DO ARCIPRESTADO[Em linha] [Consult. 04 Junho] Disponível em : www< URL : http://arciprestado.no.sapo.pt/Apresentacao.htm>
[6] IGREJA DE SÃO CRISTÓVÃO DE RIO MAU. [Em linha] [Consult. 04 Junho] Disponível em : www< URL : https://www.google.pt/search?q=IGREJA+DE+RIO+MAU&client=firefox-b&tbm=isch&imgil=XcwWDJrx0HwATM%253A%253ByLcjDnI4UvrKeM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fwww.infopedia.pt%25252F%252524igreja-de-s.-cristovao-de-rio-mau>
[7] IGREJA DE SÃO CRISTÓVÃO DE RIO MAU.[Em linha] [Consult. 04 Junho] Disponível em : www< URL : https://www.google.pt/b&tbm=isch&imgil=XcwWDJrx0HwATM%253A%253ByLcjDnI4UvrKeM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fwww.infopedia.pt%25252F%252524-rio-mau>